Domingo, 22 de Outubro de 2006

Morcegos vampiros

Poucos animais são tão mal vistos e causam tanta repugnância quanto estas interessantes e mal compreendidas criaturas voadoras, que desenvolveram o peculiar hábito de se alimentar de sangue. Na verdade, das cerca de 1.100 espécies de morcegos conhecidas em todo o planeta, apenas três são de morcegos vampiros. E apenas uma (a mais comum - Desmodeus rotundus) preda exclusivamente mamíferos. As outras duas – Diaemus youngi e Diphylla ecaudata – alimentam-se de diversos vertebrados, preferencialmente aves.
Os morcegos vampiros sempre estiveram restritos às Américas e até hoje nenhum fóssil de espécies desse tipo foi encontrado em outro continente.
Essa constatação sempre gera surpresa, já que grande parte da população tende a associar os morcegos vampiros às lendas sobre ‘mortos-vivos’ que mordem o pescoço das pessoas para beber o seu sangue (como na história do conde Drácula, da região da Transilvânia, na actual Roménia) e a outros mitos europeus.
A lenda do Conde Drácula foi muito popular na idade média, fruto das histórias contadas pelos monges à volta da lareira para os ajudar a passar as longas noites frias. Embora durante alguns séculos esta história tenha sido quase esquecida, o romance escrito por Bram Stoker, em 1897, fez reviver esta figura lendária com tal êxito que actualmente é a obra de ficção que mais apareceu no cinema, na realidade em mais de uma centena de filmes, até à mais recente interpretação de Gary Oldman dirigido por Francis Ford Coppolla. Existe uma clara relação histórica entre o Drácula e a Transilvânia. Vlad Drácula nasceu em 1431, na povoação de Sigihisoara, tendo governado o Sul da Roménia até à sua morte com a idade de 45 anos, de uma forma tão sanguinária e brutal, que lhe valeu a imortalidade.
O nome Drácula tem origem na ordem de Dragão atribuída a seu pai, que embora sendo também um dos nomes em romeno para Satanás não era considerada uma ordem maligna. No entanto, hábitos como o empalamento de pessoas, aliadas a outras práticas pouco ortodoxas desenvolvidas ao longo de toda uma vida, valeram-lhe ser considerado como o filho do Diabo.
Desmodus rotundus é a espécie mais comum de morcego vampiro. Em função do seu hábito alimentar peculiar, talvez seja uma das espécies de morcegos mais bem estudadas de todo o mundo. Já as outras duas espécies são mais raras e, por isso, as suas características são bem menos conhecidas. O morcego-vampiro-comum tem cerca de 35 cm de envergadura (distância entre as pontas das asas abertas), pesa entre 25 e 40 gramas e pode ser considerado de médio porte, comparado às cerca de 150 outras espécies desses animais que ocorrem no Brasil. A pelagem desse morcego é bastante macia, em geral de coloração cinza brilhante, mas pode apresentar também tons avermelhados, dourados ou mesmo alaranjados.
Os morcegos vampiros só se alimentam de sangue e não conseguem sobreviver mais de três dias sem ele. O sangue é um tipo de alimento que exige características específicas para seu consumo e, por isso, o morcego vampiro tem várias adaptações nesse sentido. A sua dentição, por exemplo, é bem diferente da de um frugívoro: os seus dentes incisivos são maiores, em formato de estilete, mais afiados e projectados para a frente. Isso permite que o animal retire pequenos pedaços de pele e tecido das presas, para obter seu alimento.

Nas crenças dos povos eslavos do Sul, há relatos de que os cadáveres exumados por suspeita de vampirismo apresentavam com frequência erecções. Pensava-se que os vampiros tinham uma apetência sexual imensa e que, frequentemente, eram trazidos de volta unicamente pelo desejo sexual. Por vezes os vampiros voltavam a uma mulher pela qual haviam estado apaixonados, mas cujo amor nunca fora consumado; esta era então convidada a juntar-se a ele no túmulo, a fim de gozar o prazer para toda a eternidade.

publicado por delta às 11:22
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12 comentários:
De Jorge G a 10 de Novembro de 2006 às 19:57
Lenda bem aproveitada pelos "film makers" de Hollywood, que à conta dos simpáticos bichinhos realizaram grandes receitas de bilheteira, sobretudo nos finais da 1ª metadee princípios da 2ª do séc.XX.
Hoje menos apreciados, os filmes sobre vampirismo mantêm, contudo, um lugar de relevo no cinema do fantástico.

Gostei da forma como o artigo foi organizado e escrito, vindo no seguimento de outro que nos delicia com o romantismo e a ternura destes "ratinhos voadores".

Um abraço
Jorge G


De Patricia a 10 de Novembro de 2006 às 11:01
Bom Dia!
Eu sou contra o uso de peles, e tu?
Passa no meu blog e vê o que os pobres animais passam e como podes ajudar a lutar por um futuro sem atrocidades.
Bom fim d semana.

Bjokas***


De panpanisca a 4 de Novembro de 2006 às 20:50
Digamos que o bichito não é lá muito simpático mas ok! Bom fim de semana!! Jocas


De pisconight a 30 de Outubro de 2006 às 10:41
O vampiro é a minha criatura de eleição. Adoro!! Sempre que via o filme do Drácula torcia sempre até ao fim pelo Gary Oldman, mas infelizmente perdia sempre...
Quanto aos morcegos, acho que são uns animais fantásticos... já tive alguns encontros, mas nunca nos maltratamos...
;)


De Nylda a 28 de Outubro de 2006 às 10:55
Olá...
Passei para te ler e desejar um excelente fim de semana.
Beijos e um sorriso.


De tron a 24 de Outubro de 2006 às 19:59
Caro amigo a morcego-fobia se deveu também ao receio da transmissão da raiva que pode ser feita pelos morcegos vampiros se morderem um animal infectado.
E essa associação a raiva além de científica tem a sua base literaria por que se leres o livro homónimo de Bram Stoker (Drácula) ou veres a versão mais antiga de Dracula com Bela Lugosi, a obra prima de F.W. Murnau: Nosferatu, podes ver muitos sintomas aliados a raiva como o medo da água ou Hidrofobia (outro nome para Raiva, normalamente aplicaod quando essa ataca humanos), medo da luz simbolizado quer pelos lugres tenebrosos ou pela sua imagem não aprecer em espelhos


De marius70 a 24 de Outubro de 2006 às 06:11
O morcego é sagrado em Tonga, África Ocidental e Bósnia, e frequentemente é considerado a manifestação física de uma alma separada.

São também um símbolo de fantasmas, morte e doença. Entre alguns nativos americanos, como os Creeks, Cherokees e Apaches, o morcego é um espírito embusteiro.

A tradição chinesa afirma que o morcego é um símbolo de longevidade e felicidade, bem como na Polónia, na região da Macedónia e entre os Árabes e Kwakiutls.

Na cultura ocidental o morcego é frequentemente associado à noite e à sua natureza proibida. É um dos animais básicos associados com os caracteres ficcionais da noite, tanto vilões como Drácula, quanto heróis como Batman.

Por isso se virem um morcego à noite não se assustem nem lhe dêem uma paulada, pode muito bem ser o Batman... em fase de crescimento!
:))

Tudo de bom


De gaivotadaria a 24 de Outubro de 2006 às 00:48
Eu bem queria comentar mas morcegos vampiros a esta hora??? e eu que estou em contagem decrescente para ir para o vale dos lençois?
O que faço, o que dizer se já estou toda a tremer? Eu cá compreendo-os mas ......... fuiiiiiiiiiiii


De bmal a 23 de Outubro de 2006 às 22:59
Podem duvidar, mas é verdade. Já matei um morcego numa só paulada, na véspera do meu aniversário. Depois disso tive grande vontade em conhecer a espécie.


De animaleja a 23 de Outubro de 2006 às 22:00
Gostei particularmente da frase final... ' gozar o prazer para toda a eternidade'. Será por isso que juntamente com toda a repugnância que possam causar exercem também um inegável fascínio em quase todos nós?... Pessoalmente até simpatizo muito com os ratitos voadores, a mim não me incomodam ... mas eu também gosto de ratos. Lol!


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